O que Jimi Hendrix e Frank Zappa tem em comum, além de serem cultuados como mestres da guitarra por seus respectivos fãs? É simples, ambos também eram fãs incondicionais de Johnny "Guitar" Watson, um instrumentista que, desde os anos 50, trafegava com brilhantismo pelos caminhos do blues, do rhythm´n´blues, do soul e posteriormente, veio renovar o terreno do funk e até da disco music, na década de 70.
Nascido em 1935 na cidade de Houston, Texas, Watson começou a tocar piano logo cedo, influenciado por seu pai. Aos 11 anos, ganhou seu primeiro violão da avó o qual, aprendeu a tocar sozinho. Ainda adolescente, mudou=se para Los Angeles, onde se destacou como músico de estúdio, acompanhando vários artistas locais. Foi o salto inicial para alçar seus primeiros vôos solo, em canções como "Three Hours Past Migdnight" e "Space Guitar", esta última considerada uma das pioneiras no uso dos efeitos de reverb e feedback.
Durante os anos 60, Watson foi presença constante na banda do pianista Larry Williams, autor de clássicos como "Dizzy Miss Lizzy" e "Bonie Moronie", influências fundamentais no som dos Beatles. Talvez por isso, Dick tenha praticamente promovido a volta de Johnny à cena musical na década de 70, em sua fase funk/disco. Foi a bola da vez, pois em álbuns como Ain´t That a Bitch (76, um dos primeiros discos a apresentar o som de baixo sintetizado e Real Mother For Ya (77, Top 20 nos EUA durante 13 semanas), Watson demonstrou que podia mudar de um estilo para outro, sem perder as principais características de seu estilo de guitarra: solos cristalinos, sem com o uso de efeitos, e um bom-humor intrínseco, que extrapolava as letras e os vocais, para se amalgamar no próprio som que ele extraía do seu instrumento.
Nos anos 80, Johnny amargou uma espécie de ostracismo musical, mas na década seguinte foi resgatado por samplers de seus antigos trabalhos em músicas dos rappers Dr. Dre e Snoop Doggy Dog. Foi bastante para trazê-lo de volta ao showbiz, com o álbum Bow Wow (94). Mas como a vida as vezes é ingrata, Watson não chegou a desfrutar muito deste segundo revival de sucesso em sua carreira: teve um ataque cardíaco fatal na noite de 17 de maio de 96, pouso antes de entrar para um show no Yokohama Blues Cafe, no Japão.
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